III - MARGEM IMPERTURBÁVEL DO SILÊNCIO
12
Enroscado
em um galho maior da grande árvore, Pequeno Ansioso atiçava Mãe Dolores,
jogando-lhe o caroço das frutas, enquanto lá embaixo ela punha roupas a quarar.
O quintal era imenso e, como tudo naquela casa, espichado e tomado de sinuosidades,
reentrâncias, ardis de espiadelas. O tanque de roupas ficava à sombra, um avarandado
com colunas e telha-vã. O menino corria por todos os cantos.
- Quer brincar?
- Vem cá.
Encostava-se nela, que o espicaçava com voz melosa.
- Quero um beijo.
- Onde?
- Deixo escolher.
Baixava-se e erguia o vestido, sempre nada por baixo. Os
lábios treinavam em carne de sobra.
- Beijo bem grande, demorado.
Amolecia o corpo, um pouco, depois se virava e o empurrava
com um pé, mandando-o brincar sozinho, tinha ainda muita roupa que lavar.
- Eu quero gozar.
- Me deixa trabalhar, moleque.
Visite a nossa loja
Nenhum comentário:
Postar um comentário